quarta-feira, 13 de março de 2013

A paz do senhor! Segue o trabalho da PSICOLOGIA DA RELIGIÃO - Pastor Júlio.


PSICOLOGIA DA RELIGIÃO  (Breve Panorama)


Definição

Entende-se por Psicologia da Religião o campo da Psicologia dedicado ao estudo do comportamento religioso, comportamento que envolve aspectos cognitivos e afetivos do ser humano. A Psicologia da Religião, assim, apesar do nome, não estuda propriamente a religião, mas a relação do ser humano com a religião seja ela qual for, tanto de adesão como de afastamento, de modo a serem estudados tanto o comportamento dos religiosos como o comportamento dos não-religiosos. Em resumo, os psicólogos da religião não se pronunciam quanto à realidade do objeto religioso, ou seja, não afirmam nem negam a existência de uma transcendência nem de figuras religiosas como deuses, demônios, espíritos, mas querem conhecer o que leva as pessoas a afirmarem ou negarem essa transcendência, a crer ou não crer nessas figuras e a venerá-las ou combatê-las.

Não há um consenso acadêmico para uma definição unilateral, todavia a explicitamos como uma logia (estudo/reflexão) do fenômeno religioso do ponto de vista psicológico, ou seja, a aplicação dos princípios e métodos da psicologia ao estudo científico do comportamento religioso do homem, quer como indivíduo, quer como membro de uma comunidade religiosa. O que pode se aplicar a qualquer ato ou atitude, individual ou coletiva, pública ou privada, que tenha específica referência ao divino ou sobrenatural. Muito embora, esse divino ou sobrenatural é definido em termos da fé pessoal de cada indivíduo o que por si só às vezes torna o terno a ser analisado de grande complexo, pois cada indivíduo em si pode ser contemplado como um universo paralelo.

História

A origem do fenômeno religioso mescla-se a origem do próprio homem em sua crescente tomada de consciência, constituindo um fato impreciso aos atuais historiadores. Os primeiros indícios de comportamento religioso acham-se entre os homens da pré-história, mais especificamente os de Cro-Magnon (entre 10.000 a 40.000 anos) que em certo momento passaram a personificar os elementos exteriores, personificando e espiritualizando as forças da natureza, dando origem as primeiras entidades mais ou menos autônomas e as primeiras formas de cultos conhecidas. Desde então a religião vem se desdobrado em um contínuo elaborar de suas próprias práticas e conteúdos, resultando na miríade de rituais e crenças que encontra-se atualmente.
A concepção moderna do conceito de Religião surgiu a não mais que 150 anos, durante o curso do iluminismo europeu, idéia que foi se desenvolvendo no Ocidente em um paulatino processo de confirmação, gradualmente transformando-se em objeto até ser concebida como uma entidade sistemática objetiva. A necessidade de identificar as diferenças doutrinárias fundamentais das quais dependiam a salvação eterna levaram os estudiosos a focarem-se no aspecto externo da conduta dos fiéis, formando assim a idealização das religiões modernas como instituições sociais de crenças e ritos. Até então, o que se entendia por religião indicava apenas "um conjunto de regras, de interdições sem se referir à adoração de divindades nem as tradições místicas, nem à celebração de festas, nem a tantas outras manifestações consideradas em nossos dias, como religiosas", assim ao aplicarmos esse termo a outras épocas e contextos, como por exemplo, a civilização oriental há uma transposição de sentido.
A psicologia, como saber coligado ao campo científico, parece constituir um binômio conflitante com a religião. Estudiosos afirmam que a atitude científica sempre desconfiou da veracidade de certezas transcendentes, pois a “Religião” procura dar aos humanos um acesso a verdade do mundo. Esse relacionamento foi conflituoso durante os primeiros passos da disciplina psicológica, quando a “Ciência” ainda se firmava como vertente separada do domínio religioso. Eruditos da área constatam que até a metade do século XX, psicólogos e psiquiatras viam a expressão religiosa como um evento perigoso, ou mesmo nociva para a saúde mental, baseados em ocorrências como a manifestação de delírios místicos, encorajamento de experiências suspeitas, neuroses coletivas e etc. Sendo assim a psicologia e a religião estiveram por muito tempo isoladas, pois enquanto a psicologia buscava seu status de ciência, aspectos referentes a espiritualidade e religiosidade foram negados já que poderiam gerar confusões, principalmente em relação ao papel do psicólogo, visto que ele não almejava ser confundido com um pregador ou algo do gênero.
A atualidade não caminha nesse sentido, pois entende-se que a psicologia e religião são complementares. Isso é verdadeiro em três sentidos: em primeiro lugar, nós não devemos mais pensar em termos de psicologia versus religião, como explicações opostas do comportamento humano. Não se destrói a validade de uma área simplesmente porque se aceita a validade da outra, porquanto elas não são reciprocamente excludentes. Como uma explicação psicológica da vida das pessoas não elimina o possível valor de verdade de uma visão religiosa (e vice-versa), os pesquisadores e os peritos de um campo não precisam considerar os outros como uma ameaça. Ao contrário, eles são livres para influenciar-se e ajudar-se mutuamente. Em segundo lugar, psicologia e religião chegaram, em certos casos, a conclusões paralelas.  Em terceiro lugar, psicologia e religião são, na prática, complementares.

O Fenômeno Religioso

O fenômeno religioso está enquadrado dentro do comportamento religioso que se pode entender que seja qualquer ato ou atitude que tem referência específica ao divino ou sobrenatural. Em síntese esboçaremos duas das principais vertentes dessas interpretações religiosas.
Para Freud, a religião nada mais é do que a projeção infantil da imagem paterna. Ela é uma ilusão, não porque seja má em si, mas porque tende a levar o homem a fugir de sua realidade e contingência humanas. Para Freud a religião não passa de mera ilusão psicológica, pois assim se transcreve a sua tese: ...Todo bebê, ao nascer, vive as primeiras fases de sua vida em um estado fusional com a mãe. Chega, porém, um momento em que a união fusional com a mãe é interrompida pela entrada, em cena, da figura do pai, como Portador da Lei simbólica. Para continuar a se desenvolver, a criança precisa aceitar esta Lei e assumir sua castração simbólica, ou seja, renunciar às ambições fálicas do seu narcisismo infantil. Surge, então, um grande conflito que a Lei do pai impõe à criança, ou seja, o sentimento de amor e de ódio que ela nutre pela figura deste pai. Ela o odeia por tê-la separado de sua mãe, rompendo a relação fusional em que se encontrava; mas, ao mesmo tempo, ela o ama e anseia por sua proteção. Para Freud, esse sentimento infantil perdura por toda a idade adulta.
Assim, Deus nada mais é do que a imagem idealizada do pai, no qual a criança procura proteção para superar o seu desamparo. Esta imagem idealizada de um pai protetor onipotente é uma criação imaginária da criança, que só tem sentido enquanto ela vive sob a égide do princípio do prazer, sem ainda não se confrontar com a realidade. Fixar-se, porém, nesta imagem, mesmo depois que a criança deixou de ser criança e se tornou uma pessoa adulta, é o que, para Freud, se caracteriza como ilusão. Para ele, a religião se originou do desamparo da criança prolongada na idade adulta. No lugar do pai protetor da infância, o homem adulto põe o Deus, Pai, Todo-Poderoso, a quem se deveria louvar e dar graças em todo o tempo e lugar... (David, 2003, p.14).
Sigmund Freud analisa tal perspectiva partindo do pressuposto que o homem religioso lança mão de cerimoniais e práticas religiosas a fim de neutralizar a força pulsional dos seus desejos. Ou seja, o religioso enfrenta um sério embate psicológico interno: obedecer às pulsões e desobedecer à lei ou obedecer à lei e abrir mão das pulsões. Sendo assim, os rituais assumem uma função protetora diante do conflito. "Assim, os atos cerimoniais obsessivos surgem, em parte, como proteção contra o mal esperado" e outra como fuga de suas pulsões internas. Muito embora para Freud tais “atos” podem ser motivadas por razões inconscientes que seguem a lógica da neurose obsessiva.


Outro expoente e em tese divergente a Freud é o proeminente Jung. Para Jung, o seu campo interpretativo no tocante a experiência religiosa resulta do inconsciente coletivo, que por sua vez, é composto de energias dinâmicas e de símbolos de significação universal. Jung considerava todas as religiões válidas, visto que todas recolhem e conservam imagens simbólicas advindas do inconsciente, elaborando-as em seus dogmas e, assim, realizando conexões com as estruturas básicas da vida psíquica. "As organizações ou sistemas são símbolos que capacitam o homem a estabelecer uma posição espiritual que se contrapõe à natureza instintiva original, uma atitude cultural em face da mera instintividade. Esta tem sido a função de todas as religiões (Jung, 1997, p. 57)

Jung via a religiosidade como uma função natural e inerente à psique. Chegava a considerá-la, como um instinto, um fenômeno genuíno. A religião era vista mais como uma atitude da mente do que qualquer credo, sendo este uma forma codificada da experiência religiosa original. Para Jung a Religião tinha importância tal que julgava que os indivíduos ficavam doentes quando se desligavam do ser divino subjacente em quase todas as religiões e que a cura somente acontecia pelo fato deste mesmo indivíduo retornar as suas origens religiosas.
A grande síntese de tal temática em torno de todos os grandes pensadores sobre o assunto seja um dualismo paradoxal, pois alguns defendem o ponto de vista que o aspecto religioso-psicológico é positivo, pois é fator importantíssimo na integração da “personalidade”, enquanto outros defendem que a experiência religiosa tem basicamente a mesma dinâmica da esquizofrenia, sendo apenas expressões da personalidade que se vê ameaçada por algum motivo (interno ou externo) ao ponto de sua desintegração, recorrendo assim ao método mais eficaz para evitar a catástrofe, i é a “religio”.


 Experiência Religiosa

Entende-se por experiência religiosa toda emocionalidade que emana de dentro para a fora, mas que, todavia deve ser entendido com um sentido mais amplo, isto é da própria “vivência do indivíduo” que lhe pode ser aprendido ou influenciado externamente e que lhe é percebido tanto pelos sentido sociais ou fisiológicos do ser.
A experiência religiosa é fundamental ao funcionamento harmonioso do psiquismo e ajuda o homem a compreender realidades do universo que não podem ser conhecidas de outras maneiras.  A experiência  religiosa pode ser entendida pelo nível de intensidade da “vivência religiosa”, onde podem ocorrer ao indivíduo êxtases acompanhados ou não de outros fenômenos extraordinários como visões, levitações, vozes, e etc, muito embora não confundamos experiência religiosa e a experiência mística.
Pois a primeira está diretamente atrelado aos ritos cerimoniais e vivência do indivíduo em si, enquanto o místico na verdade é um “iluminado” que conhece profundidades da divindade, ou que a própria “experiência religiosa” lhe proporcionou lhe dando assim um “status’ de alguém com um conhecimento superior que os demais não possuam.


Conversão Religiosa

Tal fator é extremamente complexo de ser analisado, todavia o que podemos perceber é que existem estágios que precedem tal “fenômeno” que são de suma importância para tal reconhecimento, sendo a título de exemplo a própria dúvida que é parte integral ao desenvolvimento religioso do homem, bem como de todo o processo evolutivo de sua personalidade.

O processo da conversão religiosa parece ter certas características comuns. Não importa qual seja a religião do homem, sua conversão é, ordinariamente, marcada por certos estágios bem definidos. Quase todos os eruditos que estudam o fenômeno da conversão religiosa reconhecem pelo menos três estágios fundamentais: o período de inquietação, o período de crise e o período de paz espiritual. Ainda alguns acadêmicos acrescentam um quarto estágio, isto é, a expressão concreta dessa experiência através da vida e do comportamento do indivíduo.



Misticismo Religioso

Entende-se por misticismo religioso o senso-percepção de um ser ou de uma realidade através de meios que são os processos cognitivos ordinários ou o uso da razão. Está relacionado diretamente com a experiência do indivíduo variando sempre do seu nível de intensidade. Sendo que tais manifestações devem variar em seus expoentes, pois, existem aqueles que procuram através de danças, expressões corporais diversas, jejuns, abstinências diversas, uso de bebidas embriagantes, etc, a atingirem o nível de percepção espiritual para que o indivíduo tenha a capacidade de atingir o infinito, tal posição remonta uma postura mais ativa. Na outra vertente mais passiva o indivíduo simplesmente se expõe a receber a visitação divina.

Religião e a Saúde Mental

Tal questão hoje é muito mais esclarecida que outrora, pois a grade do reconhecimento tem a cada dia se alastrando em diversos cantos do país, pois tem se reconhecido o papel da religião na formação da personalidade trazendo equilíbrio para as funções psíquicas nas mais variadas etapas do processo evolutivo do indivíduo.

A Religiosidade e a Saúde Mental são assuntos que estão sendo alvos de estudos e pesquisas, pois busca-se explorar a experiência da fé religiosa no benefício das pessoas e como essa afeta diretamente o indivíduo. Os estudos de boa qualidade apontam que os níveis mais elevados no envolvimento religioso associam-se de forma positiva a indicadores de bem estar psicológico, tais como: satisfação com a vida, felicidade, afeto positivo e moral mais elevado e a menos depressão, pensamentos e comportamentos suicidas, e uso abusivo de álcool e drogas.

Parece-nos cada vez mais contundentes nos meios acadêmicos que a “Religião, Espiritualidade ou Fé” se mostram cada vez mais benéficos aos indivíduos a lidarem com seus traumas, stresses, bem como a recuperação das doenças e de curas propriamente ditas, isto significa um significativo avanço de percepção das contribuições que a “fé” pode exercer sobre o homem.

Bibliografia

David, S. N. (2003). Freud e a religião. Rio de Janeiro: Zahar.
JUNG, C.G A Energia Psíquica. Petrópolis: Vozes.


TRABALHO: Recomendações Importantes

OBS: Os trabalhos devem ser entregues de acordo com as normas da ABNT.

·        Capa
·        Sumário
·        Desenvolvimento
·        Fonte: Arial ou Times New Roman
·        Tamanho: 12
·        Espaçamento: 1,5.

ESCOPO: Trabalho de Campo (Pesquisa)

Uma vez que o campo da psicologia da religião analisa a psique humana em face às questões transcendentais ou religiosas... A presente proposta consiste em realizar uma “pesquisa de campo.” Que deve perfazer a algumas etapas como se segue:

1º Entrevistar no mínimo três (3) pessoas (uma de cada denominação) e relatar o seu testemunho de conversão religiosa. Preferência: um cristão de uma igreja Pentecostal, outro de uma igreja Tradicional, e outro de uma igreja Neo-Pentecostal.

2º É preciso nome completo da pessoa, sexo, idade, nome da igreja, e tempo de cristã.

3º Levar em consideração no presente trabalho aspectos da conversão do indivíduo, ou seja, as crises existenciais, dúvidas, medo, fé, conversão, experiências espirituais, paz interior, alegria, satisfação, sentimentos, emoções, motivação e etc. Ou seja, em termos bem práticos: Como era essa pessoa antes de se converter e como ela é agora?

Todas as informações diretas e indiretas serão de grande valia para que você aluno, saia das questões técnicas e teóricas e adentre ao mundo prático-real, aguçando assim um senso perceptivo do que realmente se trata a psicologia da religião.

Data de Entrega: 24/08
Valor: 10 pontos
Posterior a data: (-) 2 pontos


“O mundo da linguagem sem o mundo da prática é um mundo vazio”.
Banda Cadetral, anos 90.

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